sexta-feira, 25 de julho de 2014

Olimpíada de Língua Portuguesa

Oi povo.

A Olimpíada da Língua Portuguesa está acontecendo nas escolas. Quem quiser acompanhar, pode acessar https://www.escrevendoofuturo.org.br/. O objetivo é a produção textual de um gênero literário para concorrer com outros textos de alunos de todo o Brasil!
Eu trabalhei com o gênero Memórias, nos sétimos anos que leciono. Foi muito bom fazer as oficinas e entrevistas com as pessoas que trouxeram suas experiências de vida para a sala de aula... Escolhi uma das entrevistadas para produzir meu texto:

Nossa cozinheira!

A escola onde trabalho tem uma cozinheira escolar que é boa de boca. Quando ela entrou na sala de aula, com aquele jeitinho simpático de todo dia, vi que a conversa ia longe. E foi mesmo. Durante uma hora e meia, a dona Lourdes, além de ser ótima cozinheira, se revelou ótima de prosa...

“Eu sempre morei no Ribeirão da Ilha, numa casa pequena, que chovia muito dentro. Nasci naquela casa mesmo, com a parteira, num parto muito difícil, onde minhas tias tiveram que fazer simpatia para ajudar, segundo a minha mãe. Ela contou que nasci muito inchadinha no rosto, então ela colocava seu cuspe para sarar. Era coisa da época!
Minha infância foi simples, mas muito bem aproveitada. Era gostoso estudar de manhã, fazer as atividades de casa à tarde e brincar de carta à noite, com meus pais, já que naquele tempo não havia TV, então nós criávamos nossas brincadeiras e ficávamos bem juntos. Até recordo que eu e meus dois irmãos mais velhos colocávamos o menorzinho em um cobertor para lustrar e encerar a casa toda. Era uma diversão só!
Já na escola, eu me lembro da minha melhor amiga: a Maurina. Ah! A Maurina era meu anjo da guarda! Ela me defendia das meninas que implicavam comigo, daquelas que o “santo” não batia, sabe? E lembro que eu gostava da matéria de português, que tinha que cantar o hino nacional todo dia, que tinha sagu na merenda e que a gente só podia fazer até a quarta série. O que era uma pena, porque eu queria estudar mais. Este era meu maior sonho. Mas consegui realizá-lo mais tarde, de uma maneira ou de outra, me tornei adolescente de novo quando fui cursar, depois de mais velha, o EJA – Educação de Jovens e Adultos.
Naquela época, como morava perto do mar, a minha família dependia muito dele. Eu tinha que tirar o berbigão para comer e plantar a mandioca, para produzir farinha. E era uma fartura de farinha. Nossa! Lembro que eu adorava a galinha caipira que minha mãe fazia, com o delicioso pirão de feijão! Confesso que era boa de boca mesmo! E em tudo ia farinha, porque servia de alimento para sustentar a todos. E além da comida, eu adorava o carnaval e as festas que aconteciam no trevo do Zeca do Candonga, com a famosa Banda da Lapa, que agitava e deliciava os ouvidos do povo que passava naquela rua enfeitada por bandeirolas.
Não faria nada diferente na minha vida. Dormi em colchão de capim e travesseiro de macela. Ia a pé para escola – mesmo longe – e ajudava em casa de segunda a sexta-feira. Minha mãe fazia renda de bilro e meu pai trabalhava pelo Estado. Ou seja, a vida não era fácil, mas era doce, como o sagu da escola. Agradeço a meus pais, a meu marido e meu filho, por todas as alegrias que tive nesta vida.”

Na verdade, quem tem de agradecer algo somos nós. Expectadores de histórias tão bonitas e sinceras, compartilhadas pela profissional que faz o alimento, com carinho, todo dia da nossa merenda, e que se revelou uma sábia em alegria de viver. Eu, como professora, deixo registrada minha admiração e respeito pela caminhada da minha colega de trabalho, que vai deixar marcas nas minhas memórias também.

Profª Aline Zilli – texto baseado nas memórias de
Lourdes Bernardina de Barcelos (59 anos)


Entrevista com d. Lourdes na sala de Português - participação da supervisora Raquel

Alunos da turma 71 - Batista Pereira - anotando tudo!

Dia especial - boa de papo!


Obrigada pela simpatia e alegria!

Livro trazido pela nossa querida Lourdes


beijomemorável!

Um comentário:

  1. Oi boa tarde...Venho navegando de blog em blog convidando blogs como o seu para participarem da nona pena de ouro da ostra da poesia. Gostaria muito de poder contar com vc caso vc participe por favor coloque o link de seu blog para que seu voto seja validado. Desde já agradeço.
    Esse é o link:
    http://ostra-da-poesia-as-perolas.blogspot.com.br/
    Bjss

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